"Todos
os batizados são cristãos.
Os
cristãos têm um sinal que os distingue das pessoas que não o são. É o Sinal da
Cruz. Sinal quer dizer distintivo; assim como uma pessoa traz no seu peito um
distintivo indicando que pertence àquela sociedade, também os cristãos têm um
sinal que os distingue das demais pessoas.
Antes
de Nosso Senhor, a vista de uma cruz excitava sentimentos de horror e lembrança
de criminosos e suplícios horrendos.
Hoje,
vendo uma cruz, pensamos em Jesus, na Redenção realizada com tanto amor. Ela
ocupa na Igreja lugar de honra, impera sobre os edifícios religiosos, brilha
como jóia no diadema dos reis e nos cemitérios recorda a doce esperança
cristã.
Os
cristãos desde a origem da nossa religião fizeram uso deste sinal; ele é para os
católicos mais ou menos o que vem a ser a farda para os servidores da
Pátria.
A
forma exterior deste sinal indica o mistério da Redenção, que foi realizado na
Cruz. As palavras: "Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo", indicam o
mistério da Santíssima Trindade"
(Mons. João Alexandre Loschi, Catecismo Rural, Edições Paulinas, 2ª Edição, maio
- 1959).
Exemplos
I. O Sinal da
Cruz
Henrique
IV, depois de humilhar-se em Canossa, mostrou-se de novo inimigo do Papa e foi
com seu exército sitiar Roma.
No
segundo assalto, apesar da heróica resistência dos sitiados, incendiou todas as
muralhas. Um espantoso anel de fogo rodeava a cidade, da qual não se erguiam
senão gemidos dos agonizantes e pranto das mulheres aterrorizadas. Então no alto
de uma torre, majestoso e pálido, entre e o clarão e o fumo do incêndio,
apareceu o Papa Gregório VII, e com gesto solene e calmo fez o sinal da cruz
contra as chamas, e imediatamente o fogo se apagou como se tivesse recebido uma
chuva torrencial.
Todas
as vezes que nos encontrarmos em perigos e angústias, confessemos a SS. Trindade
fazendo o sinal da cruz, e grande alívio sentirá a nossa alma.
II. O Poder da
Cruz
Este
caso dá-nos uma preciosa lição sobre o poder da santa cruz.
Tinham
os monges de certo convento o sagrado dever descer todos os dias à igreja e,
ali, sentando-se o Abade sua grande cadeira de superior, e eles nos bancos do
presbitério cantavam os louvores de Deus.
Sucedeu
que, um dia, o santo Abade Leufrido se achava adoentado em seu pobre leito e não
pôde descer para presidi ao ofício em sua igreja. O demônio, que vive rodeando
também os santos e servos de Deus, achou que era chegada a ocasião de todos os
monges lhe prestarem reverência. Tomou, pois, hábito e a figura do Abade, desceu
com os outros ao presbitério e sentou-se depressa na grande cadeira com ar de
importância. Todos os monges fizeram-lhe reverência; mas um deles chegando
atrasado por vir da cela do Abade, viu com espanto outro Leufrido ali
sentado.
Volta
imediatamente à cela abacial, e diz alvoroçado:
—
Dom Abade, que é isso? Estais ao mesmo tempo em dois lugares? Acabo de
encontrar-vos sentado no presbitério, i estais aqui... que é isso?
Caiu
o Abade na conta do diabólico estratagema e, sentindo-se com forças bastantes,
vai à igreja depressa; mas, antes de entrar no presbitério, traça o sinal da
cruz em todas as porta e janelas. Entra, depois, no presbitério e, armado de um
bom chicote molhado em água benta, começa a açoitar o fingido Abade.
O
demônio foge espavorido e Leufrido segue-o. O demônio quer passar por uma porta
e, embora esteja aberta, volt correndo; aproxima-se de uma janela, e não
consegue passar, porque em toda parte encontra pela frente o sinal da cruz.
Abade surra a valer; os monges riem-se a bandeiras despregadas, e o diabo
escapa, afinal, por uma chaminé! E' que o santo esquecera de fazer ali o sinal
sagrado.
Leufrido
tomou, então, a palavra e explicou aos religiosos que Deus permitira aquela cena
para que eles conhecessem o poder da Cruz e, nas tentações, não deixassem de
benzer-se com o sinal sagrado, que o demônio tanto teme e detesta.
III. Santo Antônio de Pádua e a
Cruz
S.
António de Pádua, ainda menino, servia de acólito na igreja da Sé, em Lisboa. Um
dia, estando no coro, apareceu-lhe o diabo em forma horrível. O menino, sem se
amedrontar, fez devotamente o sinal da cruz na grade. O diabo fugiu no mesmo
instante. A cruz ficou impressa no mármore, como se este fora de
cera.
IV. A tentação e o Sinal da
Cruz
Santa
Margarida, mártir, era uma donzela de rara beleza.
Aos
dezesseis anos de idade, dirigiu-se a seu pai, que era pagão, e disse-lhe: "Meu
pai, quero confiar-lhe um segredo. O senhor é sacerdote dos ídolos; eu, porém,
sou batizada e creio em Jesus Cristo". Imediatamente apoderou-se daquele homem
um furor selvagem. Atirou-se sobre a filha, como uma fera e logo mandou metê-la
no cárcere. Na prisão apareceu-lhe o demônio, murmurando-lhe ao ouvido: "Ora,
vamos, não seja tola... Você é jovem e bela. Aí bem perto a espera um noivo
pagão, rico e nobre; com ele você viverá dias felizes. Abandone a
Jesus".
Quereis
saber o que fez Margarida nessa terrível tentação, nesse perigo iminente de
perder a sua alma? Devotamente fez o sinal da cruz, e no mesmo instante o
demônio desapareceu. Aproximou-se dela o Anjo da Guarda e consolou-a. Passados
alguns dias foi Margarida conduzida ao lugar do martírio. Diante daquela
juventude radiante, daquela formosura encantadora, o algoz ficou comovido e a
espada vacilou em sua mão. Iria ele desistir de dar o golpe? Iria ela perder a
palma do martírio? Margarida fez o sinal da cruz e disse: "Dê o golpe, irmão; a
cruz é minha força!"
Inclinou
a cabeça e colheu a palma do martírio.
A
cruz deu-lhe a vitória.
V. São Bento e o Sinal da
Cruz
Um
dia alguns malvados, querendo matar S. Bento, apresentaram-lhe, para beber, uma
taça de vinho envenenado. O santo fez o sinal da cruz sobre a taça, e esta
quebrou-se, e o vinho mortífero espalhou-se por terra.
VI. Santa Cunegundes e o Sinal da
Cruz
Em
outro dia, Santa Cunegundes acordou por causa de um excessivo calor que sentia
no sono. Fez o sinal da cruz, e o fogo apagou-se, deixando-a ilesa.
VII. Turbilhão muda de
direção
A
15 de dezembro de 1502, Cristóvão Colombo, na sua quarta viagem pelo Novo Mundo,
estava quase agonizante por causa das grandes tribulações sofridas, quando, de
uma das caravelas, partiu um grito desesperado que anunciava perigos
extremos.
Toda
a tripulação foi presa de espanto à vista de um cone imenso, de uma tromba
marinha que ligava o mar ao céu, levantando as águas como imensas montanhas. Um
vento impetuoso impelia aquele terrível fenômeno contra a pequena frota, que
certamente seria afundada num abrir e fechar de olhos.
Cristóvão
Colombo, quando ouviu o mugido dos ventos e o grito desesperado dos seus, pensou
na cena evangélica em que Jesus dormia enquanto o mar em borrasca enchia de
pânico os apóstolos. A suave figura do Mestre, que com um gesto solene acalmava
as ondas, apresentou-se-lhe à mente cheia de fé, e, reunindo as forças, ele se
lançou de joelhos para dizer a Jesus que acreditava no seu poder e lhe suplicava
salvá-los do perigo iminente.
Foi
atendido, porquanto, quando por inspiração divina o comandante traçou contra o
turbilhão o sinal da cruz, ele mudou de direção e foi perder-se na imensidade do
Atlântico.
Hoje, infelizmente,
milhares de católicos não fazem mais o sinal da cruz; os mesmos "esparramam" os
dedos pelo rosto, peito e ombros, parece que estão mais se lavando do que
benzendo-se. É preciso fazer o sinal da cruz com o máximo de piedade e respeito:
"Tomai cuidado, portanto, para não fazerdes sinais de cruz ridículos. Nunca
traçá-los apressadamente; antes que executá-los mal, é melhor omiti-los"
(Bem-aventurado José Allamano, A Vida
Espiritual, Capítulo 27).
"O sinal da cruz
é o sinal do cristão, uma prece de louvor à santíssima Trindade, uma profissão
de fé. Através do sinal da cruz alcançam-se muitas graças. Certa vez, como
faltasse água potável e os passageiros do navio morressem de sede, São Francisco
Xavier adoçou água do mar com o sinal da cruz. O frequente deste sinal é
recomendado pelo catecismo e por muitos santos" (Bem-aventurado
José Allamano, A Vida Espiritual, Capítulo
33).
"O cristão começa seu
dia, suas orações e suas ações com o sinal-da-cruz, 'em nome do Pai, do Filho e
do Espírito Santo. Amém'. O batizado dedica a jornada à glória de Deus e invoca
a graça do salvador, que lhe possibilita agir no Espírito como filho do Pai. O
sinal-da-cruz nos fortifica nas tentações e nas dificuldades" (Catecismo da Igreja católica, 2157), e: "A cada ação, sempre que saímos ou voltamos para
casa, lavando-nos, vestindo-nos, ao acendermos as luzes, durante a conversação,
sempre fazemos o sinal da cruz"
(Tertuliano, De Coron. milit., c. III), e
também: "A cada ação, a cada passo, que a mão sempre trace a cruz" (São Jerônimo, Epist. 18 ad
Eustoch.).
Fonte: www.avisosdoceu.com.br
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