Nasceu em cinco de março de 1848, na aldeia portuguesa de
Ribafeita diocese de Viseu, filha de abastados e bons católicos.
Um episódio assustador, ocorrido apenas cinco dias após
seu nascimento, deixa entrever quando o poder infernal pressentia o prejuízo
que essa menina causaria, com sua santa vida, á obra o mal. Estando deitada com
ela, sua mãe viu apagar-se de modo inexplicável a vela do quarto e notou que
“alguém” mexia na roupa de cama, puxando sua filhinha para um lado. Ela puxou
em sentido contrário e pediu socorro, dizendo que o demônio queria levar sua
filhinha. Acorreu prontamente sua tia, cuja entrada fez cessar a maléfica ação
do misterioso personagem. Logo em seguida, desatou-se uma tempestade tão
furiosa que parecia levar pelos ares todas as telhas da casa. E no mesmo
instante. Rita foi atingida por uma estranha doença, obrigando seus pais
apressar a hora do batismo, receosos que ela falecesse a qualquer momento. Ela,
porém recuperou-se e começou seus primeiros passos de vida.
RICA
EM VIRTUDES E EM QUALIDADES HUMANA
Nesse piedoso lar fazia leitura espiritual e rezava-se o
Rosário toda noite. Assim bem cedo começou a ter devoção a Jesus Sacramentado,
a Nossa Senhora e a São José, além de um ter carinho pelo papa da época Pio 9.
Ouvindo a narração da vida dos santos, queria imitá-los em suas mortificações.
Naquele coração infantil abraçavam-se a oração e o desejo da penitência de ser “como as freiras do convento”.
Crescia assim a pequena Rita, rica em qualidades humanas
e, mais ainda em virtudes e piedade. Com o correr do tempo, foi revelando um
temperamento ativo e prático, a serviço de completar 18 anos, andava de aldeia
em aldeia reunindo os habitantes na pequena igreja local. Ensinava-lhes o
catecismo e a rezar o ROSÁRIO e procurava a conduzir ao bom caminho as pessoas
de vida dissoluta. Muitas vezes, conseguia que sua mãe acolhesse no lar paterno
uma ou outra infeliz moça decaída, com o objetivo de facilitar-lhe a mudança de
vida. Causa admiração ver como, anda tão jovem correspondia já com ardor
importante missão para a qual Deus chamava: acolher e amparar moças em estado
de degradação ou de risco moral.
DEFESA
DA CASTIDADE
Dois episódios narrados em sua autobiografia dão
eloquente testemunho da caridade e da energia dessa donzela que em situações de
perigo, recorria á Mãe Castíssima e obtinha prontamente forças superiores á
frágil natureza feminina.
Em certa ocasião narra ela em seu estilo lusitano- Andava
eu apanhar maçãs e já ia anoitecendo. De repente, senti meus braços fortes de
um homem que me seguravam pelas costas. Chamei por Nossa Senhora que me desse
forças para vencer aquele demônio, e no mesmo instante, Ela me deu tanta força que
deixei quase morto e nunca mais ele voltou a ter saúde. Ainda tive escrúpulos
por deixá-lo naquele estado. Mas eu antes queria morrer que perder a virtude
angélica.
Noutra oportunidade, andava ela com uma moça sua amiga.
Quando, por uma circunstância qualquer, estava um pouco distante uma da outra
Rita ouviu sua companheira gritar, pedindo socorro. Correu logo e viu que um
individuo tinha agarrado com os piores intuitos, e outro, armado de revólver,
vinha atrás dela demonstrando as mesmas más intenções.
Arrancando uma estaca de uma vinha prostrou pelo chão
quase sem vida o depravado que assediava sua amiga, depois enfrentou as
pedradas o outro até este se decidir a fugir sem fazer uso da arma que tinha na
mão.
VOCAÇÃO
E CARISMA
Desde muito cedo a jovem Rita sentia apelo da vocação a
uma inteiramente consagrada a Deus. Porém, nessa época a situação em Portugal
era de forte oposição á Igreja. O governo anticlerical tinha se apoderado dos
bens eclesiásticos, fechado todas as casas religiosas masculinas, e proibindo
admissão de qualquer noviças nas casas femininas.
Viu-se ela, portanto forçada a continuar no mundo. Fazia
Comunhão Reparadora, crescia no fervor Eucarístico, na Devoção ao Sagrado
Coração de Jesus e no forte desejo de salvar almas, e procurava ser cada vez
mais missionária e apóstola. Recusou peremptoriamente as vantajosas propostas de
casamento que lhe foram feitas, pois já era religiosa no seu intimo.
Mas somente aos 29 anos ingressou ela na Congregação das
Irmãs da Caridade, no Porto, única instituição religiosa que, pelo fato de ser
estrangeiro e se dedicar á assistência social, era então permitida no país.
Entretanto, o carisma dessa congregação Francesa não a satisfaz. Ela desejava
educar meninas e moças pobres e abandonadas, com vistas a preservá-las ou
convertê-las, e não apenas a lhe dar assistências material.
FUNDA
O INSTITUTO JESUS, MARIA, JOSÉ.
Procurando dar os primeiros passos nesse sentido, algumas
contrariedades e não poucas dúvidas levaram-na a se fazer a pergunta que surge
todos os fundadores: qual a vontade de Deus?
A resposta não tardou a vir. Andava pela região, pedindo
esmolas para suas obras de caridade, e alojou- se numa casa onde residia um
menino de cinco anos, cego e mudo de nascimento. Ela própria relata o
acontecido: “ Pedi a Deus Nosso Senhor que se a fundação da obra fosse do agrado
DELE permitisse que aquele menino tivesse vista e fala. Assim eu conheceria
melhor sua Santíssima vontade. Depois de vir embora, uma pessoa veio contar-me
que o menino já via e falava. Após isto, Deus Nosso Senhor deu-me tanto fervor
nessa obra que já se me punha diante de contradição nenhuma.
Lançou-se assim com a decisão á obra querida pela
Providência e em pouco tempo a ela se uniram diversas companheiras animadas
pelo mesmo ideal. Os primeiros tempos oram recheados de grandes dificuldades,
chegando por vezes à falta-lhes até alimento de cada dia.
Ajudada por suas irmãs de vocação, Rita começou a pedir
contribuições para fundar um colégio. Seus esforços foram coroados com êxito.
No dia 24 de setembro de 1880, fundou em Guimiei, Portugal, o primeiro colégio,
no qual acolheu cerca de 50 meninas, algumas internas, outras externas. Foi
este marco inicial da grande obra: O instituto Jesus, Maria, José. A fundadora
tinha 32 anos.
EXPANSÃO
EM MEIO ÁS DIFICULDADES
O Clima politico em Portugal continuava muito
desfavorável á Igreja. As autoridades civis impunham toda sorte de restrições e
de empecilhos á ação das instituições religiosas. Da mesma forma como ocorreria
quase 40 anos em Fátima, a Madre Rita foi constrangida a comparecer perante ao
administrador, o qual lhe fez uma áspera arenga, dizendo, em resumo, o seguinte
este município não tem necessidade alguma de missionários, seria melhor vocês
irem para a África o que vocês estão fazendo é obra dos padres os quais metem
essas idéias na cabeça
A madre respondeu com desassombro que essas idéias lhe
tinham sido inspirada por Deus e, portanto, nem “ quantos homens há no mundo e
quantos há demônio no inferno” seriam
capazes de tirá-las.
A vista dessa fé inabalável o administrador desistiu...
por essa vez. Várias outras tentativas como essa foram feitas, com o objetivo
de intimidar e levar ao desânimo Rita e suas irmãs de congregação. Todas,
porém, resultaram igualmente inúteis.
Ajudadas pela Divina Providência em pouco tempo elas
estenderam para outras dioceses sua benéfica ação apostólica. Nas cidades de
viseu, lamego e guarda as autoridades municipais procuraram por todos os meios
obrigar a Madre Rita encerrar a obra. A esses obstáculos vieram somar-se
incomodas dificuldades econômicas e, pior ainda, problemas internos criados por
suas religiosas. Nada disso, porém, impedia o Instituto de continuar
expandindo-se rapidamente. Em maio de 1902, ele recebeu á aprovação pontifícia.
EXTINTO
EM PORTUGAL RENASCE NO BRASIL
Esse promissor progresso foi interrompido em 1910 por uma
nova revolução em Portugal. O governo recém-instalados desencadeou feroz
perseguição contra a Igreja, ordenou o fechamento de todas as casas religiosas
e apoderou dos bens do Instituto.
No meio da borrasca, Madre Rita agiu com sua costumeira
energia e clarividência. Refugiou-se em Ribafeita, sua terra natal, onde
conseguiu reagrupar numa humilde casa várias das irmãs dispersas. Dali, com
ajuda do Bispo Manuel Damasceno da Costa conseguiu enviar algumas delas para o
Brasil. Com isso, pôde garantir a continuidade do Instituto cuja fundação e
crescimento lhe haviam custado tantos sacrifícios.
Á medida que ia reunindo suas filhas, a santa fundadora
se enviava para o Brasil. Assim, pode se dizer que o Instituto Jesus, Maria,
José, extinto brutamente em Portugal, renasceu no Brasil, onde hoje conta
algumas dezenas de casas espalhadas por vários estados deste imenso território.
Aqui suas filhas espirituais encontraram campo propicio para fazer o bem segundo
o carisma próprio de sua congregação.
Em 1935 o Instituto pode ser reaberto em Portugal.
GLORIFICAÇÃO
NO CÉU E, AGORA, NA TERRA.
Esse novo surto do progresso de sua obra, Madre Rita não
o viu nesta terra. Depois de uma breve enfermidade, ela expirou a 6 de Janeiro
de 1913, num casebre emprestado por benfeitores, confortada pelos últimos
sacramento da Igreja e ancorada na certeza de, pela infinita misericórdia de
Deus, colher o prêmio eterno a que tanto havia ansiado.
Com uma frase ela
encerra toda a sua vida “Tudo acaba neste mundo, apenas a eternidade
não acaba”.
BEATA RITA AMADA DE JESUS ROGAI POR NÓS
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