sábado, 11 de agosto de 2012

Beata Lindalva Justo de Oliveira

Nascida em 20 de outubro de 1953, no seio de uma família camponesa do município de Açu, no Rio Grande do Norte, recebeu as águas batismais três meses depois de vir à luz. O pai, João Justo da Fé, pequeno proprietário, cultivava seu sítio para manter uma família numerosa de 16 filhos. Era Irma Lindalva Justo de Oliveira.JPG "O meu destino está nas mãos de Deus, mas desejo de todo meu coração servir sempre com humildade, no Amor de Cristo, homem piedoso e de caráter forte. Admirava as histórias dos Patriarcas do Antigo Testamento e em algo os imitava. Maria Lúcia, a mãe, tinha consciência do compromisso que assumira ao contrair matrimônio: a formação dos filhos. Nessa católica família refletiase o amor entre pais e filhos, mas igualmente não faltavam a disciplina e a severidade, quando era necessário corrigir os pequenos caprichos e as travessuras infantis. Desde criança, Lindalva demonstrava propensão para ajudar os outros e se sensibilizava com o sofrimento alheio. Não lhe agradavam as brigas e nunca se zangava. Gostava de correr, banhar-se na lagoa próxima ou subir em árvores para comer os frutos recém-colhidos. Mas seu brinquedo favorito era modelar bonecas de barro, que deixava secando ao sol, e depois coser roupinhas para elas, com retalhos de tecidos. Revelando-se uma menina muito madura para sua jovem idade, tinha consciência do sacrifício dos pais para manter e educar a numerosa prole, e queria auxiliá-los de alguma forma. Assim, estava sempre disponível para ajudar à mãe, aprendendo muito cedo a cozinhar e a costurar. E procurava imitar o exemplo de sua progenitora que, apesar de pobre, tirava de sua parca despensa para socorrer outros mais necessitados. Vivia no mundo sem ser do mundo Os filhos cresceram, precisavam estudar e as exigências aumentaram. João decidiu mudar-se para Açu, onde vários deles conseguiram emprego. Lindalva cursava o Ensino Fundamental e trabalhava como babá na casa de uma família abastada. Quando algum conhecido precisava de ajuda, por doença ou qualquer outro motivo, recorria a ela. "Você deve ter vocação para enfermeira, porque está sempre disponível e faz tudo com alegria!" - dizia-lhe uma de suas companheiras. Quando nasceu a primeira filha do irmão mais velho, que se casara e morava em Natal, foi viver com ele nessa capital, onde ajudava à jovem mãe e continuava seus estudos. Empregou- se como auxiliar de escritório e levava uma vida como qualquer moça de bons princípios. Vivia no mundo, mas a ele não pertencia. Não pensava em casar-se e prestava serviços como voluntária num abrigo para idosos, mantido pelas Filhas da Caridade. Tímida e reservada por temperamento, ali se transformava, tornando- se manifestativa, cheia de vida e com uma alegria contagiante. Os velhinhos a esperavam ansiosos, devido à sua paciência, afeto e afabilidade. Era a vocação que amadurecia com força em sua alma. "O fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade" (Gl 5, 22), diz o Apóstolo. Pois não foi outra coisa que Lindalva manifestou ao longo de sua vida relativamente curta. Alegria na doação aos outros Começou a estudar enfermagem para poder doar-se mais e tomou a grande decisão de sua vida: em setembro de 1987, escreveu à Provincial das Filhas da Caridade, pedindo admissão como postulante. "Faz muito tempo que sinto o desejo de entrar na vida religiosa, mas somente agora estou disponível a seguir o chamado de Deus. Estou pronta para dedicar-me ao serviço dos pobres", escreveu ela.1 Admitida dois meses depois, foi enviada para fazer o postulantado na comunidade do Educandário Santa Teresa, em Olinda, Pernambuco. Esse período não foi senão um contínuo exercício do propósito que fizera, de basear sua vida espiritual na felicidade em Cristo e no bem do próximo. O testemunho de suas superioras durante essa fase foi sempre de admiração por sua disponibilidade, humildade e alegria na doação aos outros, quer aos pobres ou idosos, quer às outras irmãs, na vida comunitária. "Quero ser santa!" Progredia na vida interior, entregando- se mais e mais nas mãos d'Aquele ao qual se havia abandonado, confiando-Lhe inteiramente seu destino, tal qual recomenda o Rei Profeta: "Confia ao Senhor a tua sorte, espera n'Ele, e Ele agirá" (Sl 36, 5). Algumas de suas cartas confirmam a plenitude desta entrega ao Senhor, e revelam a autenticidade da vocação que escolhera. "Estou muito feliz. (...) O meu destino está nas mãos de Deus, mas desejo de todo coração servir sempre com humildade, no amor de Cristo", escrevia a uma amiga, em março de 1988. Ensina Dom Chautard que a alma de todo apostolado é o transbordamento da vida interior. E o dom do serviço de Lindalva fundamentava- se em sua vida de piedade e oração. Não se limitava a aliviar os sofrimentos físicos ou as tristezas dos mais necessitados, mas procurava nutrir-lhes o espírito com orações e bons conselhos. Gostava de rezar com eles, sobretudo o terço meditado, acompanhado de cânticos a Nossa Senhora. Sua oração preferida era mesmo o Rosário. Levava o terço sempre à mão e aproveitava qualquer tempo livre para recitá-lo. Explicava este hábito, dizendo: "Há muita gente que precisa de minha ajuda e não posso fazer nada a não ser rezar por eles". O desejo de progredir na vida espiritual levou-a a perguntar candidamente à superiora, Irmã Maria Expedita Alves, como fazer para ser santa. Com sabedoria, respondeulhe esta: - Minha filha, ninguém nasce santo; isto pode ser alcançado procurando a perfeição na vida do diaa- dia, e também em cada ação, mesmo a mais insignificante. - Quero ser santa! - retrucou Lindalva, fitando à superiora com um olhar profundo. "Aqui tudo é graça!" Este firme desejo foi o que marcou sua vida, na trajetória simples e comum de uma postulante, rumo à plenitude da vida religiosa, na prática dos conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência. Sob o olhar atento das superioras, foi admitida no noviciado, dando um passo mais decidido na entrega a Jesus, dentro do carisma de sua Congregação: o serviço aos pobres e necessitados. Na festa da Virgem do Carmo, 16 de julho de 1989, vestiu o hábito de Filha da Caridade e passou a chamar-se Irmã Lindalva. Em carta a uma amiga, nesse mesmo ano, manifestou como se sentia realizada na vida religiosa: "Aqui tudo é graça! Vivemos num profundo silêncio e união com Deus. (...) Os meus pensamentos e o desejo que tenho de amar a Deus sobre todas as coisas fazem com que eu me sinta muito feliz. Outra parte da nossa vida é o amor às pessoas que conquistamos, mas é através do amor a Deus que amamos as criaturas; somente não devemos deixar que este amor seja maior que o amor a Deus". Todos a admiravam muito Findo o tempo de noviciado, em 26 de janeiro de 1991, Irmã Lindalva foi enviada para um abrigo de idosos em Salvador, capital da Bahia. Em carta a uma irmã de hábito, renovava seus propósitos de ser humilde e simples nas dificuldades que certamente viriam, recordando as palavras da Escritura: "Nada temas, pois Eu te resgato, Eu te chamo pelo nome, és meu. Se tiveres de atravessar as águas, estarei contigo. E os rios não te submergirão" (Is 43, 1-2). Foi com esta confiança que cruzou os portões do antigo casarão do século XIX, onde funcionava o Abrigo Dom Pedro II, sob administração pública municipal, mas aos cuidados das Filhas da Caridade. Recebeu a incumbência de cuidar do pavilhão São Francisco, com 40 idosos, situado no primeiro andar do imponente edifício. Em pouco tempo cativou sua superiora e as companheiras de hábito, bem como os velhinhos, com seu jeito alegre de ser e o perfume da santidade de sua presença. Todos a admiravam muito. Acalmava os queixosos, lembrando- lhes os sofrimentos do Salvador, e dava alguma ocupação aos que ainda podiam fazer algo, para eles se sentirem úteis. Onde havia necessidade, aí estava Irmã Lindalva com sua figura sempre animada e caridosa. Cuidava não só das coisas materiais dos idosos, mas também de sua vida de piedade. Rezava com eles o terço e levava o capelão para administrar- lhes os Sacramentos. Sua vigilância, em matéria de castidade, se notava até mesmo quando ia buscar o padre, pois sempre pedia a alguém para acompanhá-la. Era assídua aos atos da Comunidade e quando lhe sobravam alguns minutos invariavelmente estava na Capela, rezando um pouco mais. No escasso tempo que lhe restava do atendimento no Abrigo, Irmã Lindalva participava do Movimento de Voluntárias da Caridade Santa Luisa de Marillac, que visitava idosos e doentes nas periferias da cidade. Este Movimento era dividido em grupos e ela pertencia ao Grupo Santa Maria Goretti. Talvez não por mero acaso, como se verá adiante. Subida ao Monte Calvário Não podia essa santa religiosa imaginar que aquele querido Abrigo seria seu Monte Calvário, o lugar destinado por Cristo para misturar seu sangue ao d'Ele. Os problemas começaram em janeiro de 1993, quando ali foi admitido Augusto da Silva Peixoto. Com apenas 46 anos, não tinha ele idade para estar num estabelecimento de caridade para anciãos, mas as freiras tiveram de aceitá-lo, por motivos políticos. Alojaram- no no pavilhão a cargo da Irmã Lindalva. Homem destituído de princípios religiosos e morais, Augusto interessou- se com más intenções por aquela freira de vida ilibada e passou a assediá-la de modo insistente e inconveniente. As admoestações que lhe fizeram outros internos e a própria diretora do setor social do Abrigo serviram apenas para aumentar nele os fortes sentimentos de frustração por ser sempre repudiado. Irmã Lindalva, que preferia morrer a romper seu voto de castidade, viu-se obrigada a tomar muito cuidado, evitando qualquer atitude que pudesse ser mal interpretada por aquele indivíduo sem escrúpulos. Narrou a situação a algumas freiras e companheiras de voluntariado e intensificou suas orações. Mas por amor aos idosos e pela fidelidade à obediência que a havia designado para o Abrigo, não quis sair dali. De caráter forte e seguro, não conhecia o medo ou a fraqueza, jamais abandonando seu "campo de batalha". "Prefiro que meu sangue se derrame, do que ir embora daqui" - afirmou durante um recreio da comunidade. "Nunca cedeu" Na segunda-feira da Semana Santa, esse nefando personagem comprou no mercado popular um facão de pescador, com a intenção deliberada de matar aquela religiosa que opunha intransponível barreira a seus péssimos intuitos. Durante toda a semana, Irmã Lindalva participara, ao raiar da aurora, da Via Sacra na paróquia da Boa Viagem. Ao percorrer as ruas das proximidades na m Urna.JPG Urna onde se encontram os restos mor- tais da Beata Lindalva Justo de Oliveira no Abrigo D. Pedro II, em Salvador adrugada da Sexta- Feira Santa, 9 de abril de 1993, meditando sobre a Via Dolorosa de Jesus, certamente não tinha ideia que sua subida particular ao Calvário também culminaria naquele dia. Voltando ao Abrigo, dirigiuse logo ao refeitório para cumprir sua tarefa de servir o café da manhã aos velhinhos, sem notar a presença de Augusto sentado num dos bancos do jardim. Este, que a esperava, subiu atrás dela, entrou pela porta dos fundos do salão e atacoua pelas costas, a golpes de facão, numa fúria insana e diabólica. A vítima mal teve tempo de balbuciar: "Deus me proteja!" Recebeu ao todo 44 golpes. Enquanto limpava na própria roupa a arma tingida pelo sangue inocente, o criminoso ensandecido rugia: "Nunca cedeu! Está aqui a recompensa...". Testemunhava, assim, que Irmã Lindalva havia dado sua vida como prova de amor a Deus, por conservar intacta sua pureza, num verdadeiro martírio do qual os próprios internos davam testemunho. Semente de novas vocações Durante toda a noite, passou pelo Abrigo um fluxo contínuo de fiéis desejosos de prestar uma última homenagem à religiosa. O Arcebispo Primaz do Brasil, na época o Cardeal Lucas Moreira Neves, oficiou a cerimônia fúnebre e afirmou na homilia que "o sangue da vítima será semente de novas vocações, não só para as Filhas da Caridade, mas, também, para todas as Congregações da Igreja de Deus". A Igreja proclamou-a Bem-aventurada em 2 de dezembro de 2007, durante cerimônia realizada no Estádio Manoel Barradas, em Salvador. Seus restos mortais se encontram, atualmente, na capela do Abrigo Dom Pedro II. A Beata Irmã Lindalva é um exemplo de como a alegria e a pureza são notas características da santidade, para a qual todos somos chamados.

terça-feira, 8 de maio de 2012

BEATO MARIANO APARICIO







Um santo ao gosto do bondoso povo brasileiro
Ele é uma "pedra viva" também da Igreja de São Paulo, um santo "admirável e imitável", ao gosto do bondoso povo


brasileiro. Em sua vida podemos apreciar uma autêntica heroicidade, aquela que tem o amor como motor, até nas mínimas ações.

Mariano nasceu no solar de la Mata, no último dia de 1905, no seio de uma família verdadeiramente católica de quatro irmãos e quatro irmãs. Todos os varões se tornaram agostinianos. Dos casamentos de suas quatro irmãs, nasceram 27 sobrinhos. Destes, três foram sacerdotes e três religiosas missionárias.

Em agosto de 1921, Marianito ingressou como noviço no Seminário Menor dos Padres Agostinianos de Valladolid. Fez a profissão solene em 1927 e recebeu a ordenação sacerdotal no dia 25 de julho de 1930. Partiu para o Brasil em 21 de agosto de 1931.

De 1945 a 1948 foi Superior da Vice-Província Agostiniana do Brasil. A partir de 1961, viveu no Colégio-Paróquia Santo Agostinho, em São Paulo, como professor, diretor espiritual das Oficinas de Santa Rita e vigário paroquial.

Impossível conhecer o Pe. Mariano e não conhecer o amor de Deus
Debrucemo-nos sobre o carisma deste genuíno filho de Santo Agostinho.

Algumas pessoas que o conheceram dão testemunho de episódios de sua vida: uma de suas sobrinhas, Irmã María Paz Martín de la Mata AM, o Pe. Pablo Tejedor Fernandez OSA, atual pároco da Igreja de Santo Agostinho, na capital paulista, e muitos outros familiares e irmãos de hábito. De modo especial, o Vice-Postulador da causa de beatificação, o incansável Pe. Miguel Lucas OSA, que narrou sua vida e a estampou em belas pinturas, expondo-o à veneração dos fiéis.

Todos os que privaram com Pe. Mariano são unânimes em reconhecer o que disse lapidarmente sua sobrinha agostiniana, Irmã María Paz: "Conhecer o Pe. Mariano e não conhecer o amor de Deus era impossível. Qualquer pretexto era bom para falar aos outros de Deus, que era o grande motivo e orientação de sua vida. Sempre se esforçava por fazer a vontade de Deus. Todas as suas obras tinham a clara intenção de estender o Reino de Cristo".

Escrever sobre o Pe. Mariano é recordar o "mensageiro da caridade", que percorria as ruas de São Paulo, quer a pé, quer em seu modesto carro azul, para visitar as dezenas de casas das Associações e Oficinas da Caridade de Santa Rita de Cássia, onde se confeccionavam roupas para os pobres. Foi diretor espiritual dessa obra de assistência durante quase 31 anos. Procurava os recursos com que socorrer os necessitados. Visitava os enfermos. Nas horas de angústia e dor, consolava as viúvas e filhos dos falecidos. Era o "anjo dos enfermos" e um verdadeiro pai para todos.

Fator de harmonia no convívio
O Pe. José Luiz Martínez conviveu com nosso Beato durante vários anos e testemunha que ele era "um exemplo de sacerdote trabalhando com os leigos, com as associadas das Oficinas de Santa Rita. Seu amor à Ordem Agostiniana era demonstrado em seu costume de trajar sempre o hábito de religioso. Cultivava constantemente a oração. Vivia em harmonia e concórdia com os demais companheiros, até nos momentos mais difíceis. Sua presença era desejada, porque significava um elemento de equilíbrio e de paz".

E continua: "Quando em 1980 celebrou Missa de jubileu de ouro sacerdotal, disse: ‘Meus queridos paroquianos, quero dizer a todos aqui presentes, e aos que não puderam vir, que se eu, nesses cinqüenta anos de sacerdote, ofendi a alguém, hoje lhes peço perdão".

De caráter reto, irrepreensível, conciliador, às vezes alguém o enganava, ou melhor, ele se deixava enganar, desde que isso servisse para ganhar os outros para Deus. Nunca falava mal do próximo, nem comentava os defeitos alheios. Relacionava-se tão bem com os pobres quanto com os ricos ou as autoridades.

Pe. Mariano tinha uma alma expansiva e jovial, e uma simplicidade contagiante e acolhedora. Nunca se vangloriava de suas qualidades, mesmo quando exercia cargos importantes. Como professor, era muito querido tanto por seus alunos quanto por seus colegas, porque sabia fazer de cada pessoa um amigo. Estava sempre disposto a sacrificar seus direitos, contanto que a unidade não se desfizesse. Muito extrovertido, mostravase sempre pronto a festejar os sucessos dos outros.

Sacerdote exemplar, protetor da inocência e educador de esportistas
Beato Mariano de la Mata Aparicio_2.JPG
No dia-a-dia do Pe. Mariano sua bondade transparecia em todas as circunstâncias
                                Fotos do arquivo da Ordem Agostiniana
Alma inocente, por isso muito amigo das crianças, de quem se via sempre rodeado. No seu bolso nunca faltavam caramelos que distribuía às mancheias. Suas conversas com elas eram preciosos diálogos cheios de transparente ingenuidade; sabia captar-lhes a atenção, adaptava- se aos seus interesses, misturava- se aos seus festejos, deleitando- se como elas francamente.

Tinha verdadeira paixão pelas plantas, especialmente pelas flores. Entre suas puras mãos, no caixão, podia-se ver, além do santo Rosário, uma orquídea de cor lilá, símbolo da América, mais precisamente do Brasil. Demonstrava afeição também por selos, moedas e fotos. Ainda hoje se conserva sua coleção de 25 álbuns, com temáticas especiais: Nossa Senhora, Vaticano, Espanha e Brasil.

Distribuía santinhos e medalhas de Santo Agostinho e Santa Rita entre os operários de uma grande construção próxima à sua igreja. Levavalhes também alguma comida e, sobretudo, muita fé e coragem.

Era um sacerdote cumpridor ao máximo de suas obrigações religiosas e ministeriais. Madrugava muito. Pouco depois das seis horas, já se podia vê-lo a preparar o altar para as missas. Tinha uma devoção acrisolada à Eucaristia. Quando alguma pessoa aflita lhe pedia orações, invariavelmente acrescentava: "Tenha fé, vai alcançar a graça".

Cecília Maria de Queiroz, secretária da Igreja de Santo Agostinho, declara: "Pe. Mariano falava muito da devoção ao terço. Vi-o muitas vezes caminhar de um lado para o outro, rezando seu breviário e seu terço. Era um sacerdote piedoso. Recomendava- nos orar muito e sempre. Edificava vê-lo no altar, ou participar de s
O MILAGRE
No dia 26 de abril de 1996, João Paulo Polotto, de seis anos de idade, aluno do colégio agostiniano de São José do Rio Preto (SP), foi atropelado por um caminhão
que o projetou a vários metros
de distância. Sofreu fratura no
osso parietal direito e lesão na base do osso temporal
esquerdo. Seu estado era gravíssimo, com sangramentos
na região do ouvido esquerdo,
nariz e boca. O médico, Dr.
Odérzio Marcato, constatou
também um afundamento do
crânio.  João Paulo entrou
no hospital de Jaú (SP) com o
diagnóstico de traumatismo crânioencefálico grave,
paralisia esquerda, batimentos cardíacos lentos, respiração vagarosa até parar, globo
ocular projetado para a frente.
Enfim, estava em estado de coma. Alguns minutos após o acidente, os padres do Colégio agostiniano   e  vários familiares começaram a pedir a intercessão do Pe. Mariano, para obter o estabelecimento do menino.  E este se recuperou
tão  rapidamente que, dez dias depois, o médico que o tinha atendido no hospital foi visitá-lo e o  encontrou perfeito, brincando com os colegas, andando de patins, sem nenhuma seqüela do trágico desastre, como se nada tivesse acontecido. Está hoje com 16 anos.



uas celebrações eucarísticas. Punha as coisas de Deus sempre em primeiro lugar".

Nunca ia à Espanha, de férias, sem visitar o Santuário do Pilar. A devoção a Maria era seu ambiente ideal. Quando passava por uma capela ou ermida a Ela dedicada, sempre entrava para rezar uma Salve Rainha ou cantar-lhe um hino próprio.

Pode ser considerado um santo protetor dos esportistas, não só porque organizava, orientava e motivava os jovens, mas, sobretudo, pelos sábios conselhos que costumava dar antes da competições. Por exemplo, esta do dia 9 de novembro de 1960, num programa radiofônico em São José do Rio Preto: "Durante os jogos, uma coisa é obrigatória: o cavalheirismo. É preciso aprender a ganhar ou a perder com fidalguia. Eis a lição primordial que a todos obriga sobremaneira. Esquecê-la por uns instantes sequer é uma falta que é preciso fazer desaparecer das competições esportivas. Os jogos, além de enrijecer os músculos do corpo, fortalecem a vontade, fomentam o companheirismo, reanimam o coração nas lutas que se apresentam e oferecem descanso ao intelecto que reclama algumas horas de lazer".

No capítulo epistolar, as numerosas cartas circulares, ofícios, atas ou simples missivas refletem sua obediência imaculada aos superiores, sua caridade fraterna com os irmãos de hábito, seu amor perfeito à Ordem Agostiniana e seu ardor infatigável na conquista de novas vocações religiosas. As cartas dirigidas aos familiares demonstram ternura de alma, uma fortaleza que não teme sacrifícios, pitadas de saudável humor e muito amor fraternal.

Edificante morte
A manifestação de santidade de uma pessoa cresce ao longo de sua vida e, por assim dizer, atinge o auge nos momentos derradeiros. Aquele que com tanta dedicação se entregara aos doentes, foi visitado pela doença. Numa tarde de 1983, Pe. Mariano sentou-se numa escada do Colégio, fato absolutamente inusitado para quem mantinha sempre uma postura composta, sem afetação.

Perguntado por que ele se sentara ali, respondeu: "Estou sentindo como se um gato me arranhasse o estômago..." Era o câncer.

Aceitou e suportou a doença com grande resignação. Sofria grandes dores, mas esquecia-se de si, para preocupar- se apenas com os outros doentes do Hospital do Câncer, onde fora internado. Apesar dos atrozes sofrimentos, conservava uma constante alegria. Seus gestos de amor para com os visitantes, o pessoal de serviço e os demais enfermos, eram causa de admiração para todos eles.

Na Quinta-Feira Santa, recebeu a visita dos confrades da Ordem, dos amigos e de Dom Paulo Evaristo Arns, Cardeal-Arcebispo de São Paulo. A todos correspondia com extenuadas forças e franca amabilidade. Insistiu muito com sua sobrinha, Ir. María Paz, que acabara de chegar da Espanha, para ir visitar a unidade de crianças com câncer. Como era "o dia do amor", pediu que todos fossem celebrar juntos a Eucaristia.

Passou tranqüilo a noite. Na manhã seguinte teve muita dificuldade em falar. À tarde, já não falava, e assim permaneceu no Sábado Santo e no Domingo de Páscoa. Na segunda- feira, por volta das oito horas da manhã, partiu para celebrar no Céu a Páscoa eterna: sem nenhum movimento, nem o mínimo gesto, simplesmente parou de respirar, inclinando suavemente a cabeça para o lado direito...

Pe. Mariano faleceu aos 78 anos de idade, no dia 5 de abril de 1983.

As exéquias foram a mais clara manifestação de como era querido aquele homem de Deus. A igreja estava coberta de flores. O desfile diante do féretro foi impressionante. Uma mulher simples e decidida cortou um pedacinho de seu hábito, para guardar como relíquia. "Um fato surpreendente - conta sua sobrinha - revelou a admiração que a gente tinha pelo Pe. Mariano: em um abrir e fechar de olhos, desapareceram de seu quarto todos os seus objetos de uso pessoal. A enfermeira ainda teve tempo de ficar com o rosário, pois tudo o mais já tinha sido levado".

A cidade de São Paulo tem agora três beatos e uma santa. A beatificação do Pe. Mariano nos alegra e nos enche da esperança de que novos beatos e beatas surgirão no céu deste País que a Providência quis assinalar com o Cruzeiro do
Sul...

BEATIFICAÇÃO

Durante a Missa de 5 de novembro, na Catedral de São Paulo lotada de fiéis, realizou-se a cerimônia de beatificação do Pe. Mariano de la Mata.

BEATA RITA AMADA DE JESUS



Nasceu em cinco de março de 1848, na aldeia portuguesa de Ribafeita diocese de Viseu, filha de abastados e bons católicos.
Um episódio assustador, ocorrido apenas cinco dias após seu nascimento, deixa entrever quando o poder infernal pressentia o prejuízo que essa menina causaria, com sua santa vida, á obra o mal. Estando deitada com ela, sua mãe viu apagar-se de modo inexplicável a vela do quarto e notou que “alguém” mexia na roupa de cama, puxando sua filhinha para um lado. Ela puxou em sentido contrário e pediu socorro, dizendo que o demônio queria levar sua filhinha. Acorreu prontamente sua tia, cuja entrada fez cessar a maléfica ação do misterioso personagem. Logo em seguida, desatou-se uma tempestade tão furiosa que parecia levar pelos ares todas as telhas da casa. E no mesmo instante. Rita foi atingida por uma estranha doença, obrigando seus pais apressar a hora do batismo, receosos que ela falecesse a qualquer momento. Ela, porém recuperou-se e começou seus primeiros passos de vida.

RICA EM VIRTUDES E EM QUALIDADES HUMANA
Nesse piedoso lar fazia leitura espiritual e rezava-se o Rosário toda noite. Assim bem cedo começou a ter devoção a Jesus Sacramentado, a Nossa Senhora e a São José, além de um ter carinho pelo papa da época Pio 9. Ouvindo a narração da vida dos santos, queria imitá-los em suas mortificações. Naquele coração infantil abraçavam-se a oração e o desejo da penitência  de ser “como as freiras do convento”.
Crescia assim a pequena Rita, rica em qualidades humanas e, mais ainda em virtudes e piedade. Com o correr do tempo, foi revelando um temperamento ativo e prático, a serviço de completar 18 anos, andava de aldeia em aldeia reunindo os habitantes na pequena igreja local. Ensinava-lhes o catecismo e a rezar o ROSÁRIO e procurava a conduzir ao bom caminho as pessoas de vida dissoluta. Muitas vezes, conseguia que sua mãe acolhesse no lar paterno uma ou outra infeliz moça decaída, com o objetivo de facilitar-lhe a mudança de vida. Causa admiração ver como, anda tão jovem correspondia já com ardor importante missão para a qual Deus chamava: acolher e amparar moças em estado de degradação ou de risco moral.

DEFESA DA CASTIDADE
Dois episódios narrados em sua autobiografia dão eloquente testemunho da caridade e da energia dessa donzela que em situações de perigo, recorria á Mãe Castíssima e obtinha prontamente forças superiores á frágil natureza feminina.
Em certa ocasião narra ela em seu estilo lusitano- Andava eu apanhar maçãs e já ia anoitecendo. De repente, senti meus braços fortes de um homem que me seguravam pelas costas. Chamei por Nossa Senhora que me desse forças para vencer aquele demônio, e no mesmo instante, Ela me deu tanta força que deixei quase morto e nunca mais ele voltou a ter saúde. Ainda tive escrúpulos por deixá-lo naquele estado. Mas eu antes queria morrer que perder a virtude angélica.
Noutra oportunidade, andava ela com uma moça sua amiga. Quando, por uma circunstância qualquer, estava um pouco distante uma da outra Rita ouviu sua companheira gritar, pedindo socorro. Correu logo e viu que um individuo tinha agarrado com os piores intuitos, e outro, armado de revólver, vinha atrás dela demonstrando as mesmas más intenções.
Arrancando uma estaca de uma vinha prostrou pelo chão quase sem vida o depravado que assediava sua amiga, depois enfrentou as pedradas o outro até este se decidir a fugir sem fazer uso da arma que tinha na mão.

VOCAÇÃO E CARISMA
Desde muito cedo a jovem Rita sentia apelo da vocação a uma inteiramente consagrada a Deus. Porém, nessa época a situação em Portugal era de forte oposição á Igreja. O governo anticlerical tinha se apoderado dos bens eclesiásticos, fechado todas as casas religiosas masculinas, e proibindo admissão de qualquer noviças nas casas femininas.
Viu-se ela, portanto forçada a continuar no mundo. Fazia Comunhão Reparadora, crescia no fervor Eucarístico, na Devoção ao Sagrado Coração de Jesus e no forte desejo de salvar almas, e procurava ser cada vez mais missionária e apóstola. Recusou peremptoriamente as vantajosas propostas de casamento que lhe foram feitas, pois já era religiosa no seu intimo.
Mas somente aos 29 anos ingressou ela na Congregação das Irmãs da Caridade, no Porto, única instituição religiosa que, pelo fato de ser estrangeiro e se dedicar á assistência social, era então permitida no país. Entretanto, o carisma dessa congregação Francesa não a satisfaz. Ela desejava educar meninas e moças pobres e abandonadas, com vistas a preservá-las ou convertê-las, e não apenas a lhe dar assistências material.

FUNDA O INSTITUTO JESUS, MARIA, JOSÉ.
Procurando dar os primeiros passos nesse sentido, algumas contrariedades e não poucas dúvidas levaram-na a se fazer a pergunta que surge todos os fundadores: qual a vontade de Deus?
A resposta não tardou a vir. Andava pela região, pedindo esmolas para suas obras de caridade, e alojou- se numa casa onde residia um menino de cinco anos, cego e mudo de nascimento. Ela própria relata o acontecido: “ Pedi a Deus Nosso Senhor que se a fundação da obra fosse do agrado DELE permitisse que aquele menino tivesse vista e fala. Assim eu conheceria melhor sua Santíssima vontade. Depois de vir embora, uma pessoa veio contar-me que o menino já via e falava. Após isto, Deus Nosso Senhor deu-me tanto fervor nessa obra que já se me punha diante de contradição nenhuma.
Lançou-se assim com a decisão á obra querida pela Providência e em pouco tempo a ela se uniram diversas companheiras animadas pelo mesmo ideal. Os primeiros tempos oram recheados de grandes dificuldades, chegando por vezes à falta-lhes até alimento de cada dia.
Ajudada por suas irmãs de vocação, Rita começou a pedir contribuições para fundar um colégio. Seus esforços foram coroados com êxito. No dia 24 de setembro de 1880, fundou em Guimiei, Portugal, o primeiro colégio, no qual acolheu cerca de 50 meninas, algumas internas, outras externas. Foi este marco inicial da grande obra: O instituto Jesus, Maria, José. A fundadora tinha 32 anos.

EXPANSÃO EM MEIO ÁS DIFICULDADES
O Clima politico em Portugal continuava muito desfavorável á Igreja. As autoridades civis impunham toda sorte de restrições e de empecilhos á ação das instituições religiosas. Da mesma forma como ocorreria quase 40 anos em Fátima, a Madre Rita foi constrangida a comparecer perante ao administrador, o qual lhe fez uma áspera arenga, dizendo, em resumo, o seguinte este município não tem necessidade alguma de missionários, seria melhor vocês irem para a África o que vocês estão fazendo é obra dos padres os quais metem essas idéias na cabeça
A madre respondeu com desassombro que essas idéias lhe tinham sido inspirada por Deus e, portanto, nem “ quantos homens há no mundo e quantos há demônio no inferno”  seriam capazes de tirá-las.
A vista dessa fé inabalável o administrador desistiu... por essa vez. Várias outras tentativas como essa foram feitas, com o objetivo de intimidar e levar ao desânimo Rita e suas irmãs de congregação. Todas, porém, resultaram igualmente inúteis.
Ajudadas pela Divina Providência em pouco tempo elas estenderam para outras dioceses sua benéfica ação apostólica. Nas cidades de viseu, lamego e guarda as autoridades municipais procuraram por todos os meios obrigar a Madre Rita encerrar a obra. A esses obstáculos vieram somar-se incomodas dificuldades econômicas e, pior ainda, problemas internos criados por suas religiosas. Nada disso, porém, impedia o Instituto de continuar expandindo-se rapidamente. Em maio de 1902, ele recebeu á aprovação pontifícia.

EXTINTO EM PORTUGAL RENASCE NO BRASIL
Esse promissor progresso foi interrompido em 1910 por uma nova revolução em Portugal. O governo recém-instalados desencadeou feroz perseguição contra a Igreja, ordenou o fechamento de todas as casas religiosas e apoderou dos bens do Instituto.
No meio da borrasca, Madre Rita agiu com sua costumeira energia e clarividência. Refugiou-se em Ribafeita, sua terra natal, onde conseguiu reagrupar numa humilde casa várias das irmãs dispersas. Dali, com ajuda do Bispo Manuel Damasceno da Costa conseguiu enviar algumas delas para o Brasil. Com isso, pôde garantir a continuidade do Instituto cuja fundação e crescimento lhe haviam custado tantos sacrifícios.
Á medida que ia reunindo suas filhas, a santa fundadora se enviava para o Brasil. Assim, pode se dizer que o Instituto Jesus, Maria, José, extinto brutamente em Portugal, renasceu no Brasil, onde hoje conta algumas dezenas de casas espalhadas por vários estados deste imenso território. Aqui suas filhas espirituais encontraram campo propicio para fazer o bem segundo o carisma próprio de sua congregação.
Em 1935 o Instituto pode ser reaberto em Portugal.

GLORIFICAÇÃO NO CÉU E, AGORA, NA TERRA.
Esse novo surto do progresso de sua obra, Madre Rita não o viu nesta terra. Depois de uma breve enfermidade, ela expirou a 6 de Janeiro de 1913, num casebre emprestado por benfeitores, confortada pelos últimos sacramento da Igreja e ancorada na certeza de, pela infinita misericórdia de Deus, colher o prêmio eterno a que tanto havia ansiado.
 Com uma frase ela encerra toda a sua vida “Tudo acaba neste mundo, apenas a eternidade não acaba”.


BEATA RITA AMADA DE JESUS ROGAI POR NÓS 

segunda-feira, 26 de março de 2012

segunda-feira, 12 de março de 2012

As Aparições de Jacareí/SP: 04.03.2012 - Palestra do Vidente Marcos Tadeu Teixeira

Grupo de oração lágrimas de sangue : Sinal : luz que pulsa no suporte dos anjos , cenáculo das …

As Aparições de Jacareí/SP: FILME NOVO - As Aparições de LOURDES 3 - testemunhos inéditos- GRANDE …

Testemunho do peregrino do Santuário das Aparições de Jacareí, Christian Jiatti.

Testemunho da peregrina do Santuário das Aparições de Jacareí, Rosângela Dias.

Testemunho da peregrina do Santuário das Aparições de Jacareí, Rita de Cássia.

GRUPO DE ORAÇÃO LÁGRIMAS DE SANGUE: SINAL: NUVEM APARECE EMBAIXO DAS IMAGENS DE JESUS E MARIA …